11 de novembro de 2009

POESIA - QUE BEM SE ESTÁ NO CAMPO, ADELAIDE!!!

Angustiado o poeta
com a vida citadina,
montou-se na bicicleta
a caminho da campina.

Rezou ao Padre Eterno
por respirar o ar puro,
pisou um "melão d'inverno"
o "melão" 'tava maduro!

Com a merda no sapato
lá foi descendo a rampa
para, junto do regato,
ir limpar aquela trampa.

Cheirava a merda fresquinha
e resolveu pôr-se a milhas,
ao passar por uma vinha
deitou fora as sapatilhas.

Com a mente aliviada
daquele triste precalço,
retomou a caminhada,
agora ia descalço.

Pontapeou um calhau,
e fez um lenho na mão
com uma lasca dum pau
e pisou outro "melão".

Bebeu água das fontes,
saboreou mil perfumes,
trepou por serras e montes
e subiu até aos cumes.

O calor no cume arde,
o calor do cume sai
embora já fosse tarde
o sol no cume cai.

Num pinheiral se deitou
na sua cama de lona,
e às tantas apanhou
com uma pinha na mona!

Viu com as caras inchadas
duas amigas já velhas,
que tinham sido picadas
pelas melgas e abelhas!

Caminhou e de repente
deu um pontapé num marco,
e um pouco mais à frente
té caiu dentro dum charco!

De seguida dormitou
depois de muito pensar,
mais tarde é qu'acordou
com vontade de cagar!

É boa a vida campestre
que a todos faz inveja,
uma cagada de mestre
limpar o cú à carqueja!

Finalmente escapou-se
pró nosso mundo moderno,
deixando a quem lá fôsse
um outro "melão d'inverno"!

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