Angustiado o poeta
com a vida citadina,
montou-se na bicicleta
a caminho da campina.
Rezou ao Padre Eterno
por respirar o ar puro,
pisou um "melão d'inverno"
o "melão" 'tava maduro!
Com a merda no sapato
lá foi descendo a rampa
para, junto do regato,
ir limpar aquela trampa.
Cheirava a merda fresquinha
e resolveu pôr-se a milhas,
ao passar por uma vinha
deitou fora as sapatilhas.
Com a mente aliviada
daquele triste precalço,
retomou a caminhada,
agora ia descalço.
Pontapeou um calhau,
e fez um lenho na mão
com uma lasca dum pau
e pisou outro "melão".
Bebeu água das fontes,
saboreou mil perfumes,
trepou por serras e montes
e subiu até aos cumes.
O calor no cume arde,
o calor do cume sai
embora já fosse tarde
o sol no cume cai.
Num pinheiral se deitou
na sua cama de lona,
e às tantas apanhou
com uma pinha na mona!
Viu com as caras inchadas
duas amigas já velhas,
que tinham sido picadas
pelas melgas e abelhas!
Caminhou e de repente
deu um pontapé num marco,
e um pouco mais à frente
té caiu dentro dum charco!
De seguida dormitou
depois de muito pensar,
mais tarde é qu'acordou
com vontade de cagar!
É boa a vida campestre
que a todos faz inveja,
uma cagada de mestre
limpar o cú à carqueja!
Finalmente escapou-se
pró nosso mundo moderno,
deixando a quem lá fôsse
um outro "melão d'inverno"!
CASA EM ORENSE - GALIZA
Há 11 anos
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