14 de novembro de 2009

POESIA - GRANDE POETA É O ZÉ

O Zé Povo acredita
que a pobreza é bendita
é preciso é ter fé.
Ele crê nos governantes,
em bruxas e cartomantes,
grande poeta é o Zé!

O pobre Zé proletário
cai no conto do vigário,
leva tratos de polé.
Compra chás medicinais,
outras mezinhas que tais,
grande poeta é o Zé!

Compra por correspondência
"maravilhas da ciência",
sem saber o que é.
E quando a encomenda chega
é que ele vê a bodega,
grande poeta é o Zé!

Ele quer enriquecer
sem trabalhar se puder,
sem nada fazer até.
Pode ser que algum dia,
ele ganhe a lotaria,
grande poeta é o Zé!

O futebol aguenta,
é o Zé que o alimenta,
anda ao murro, faz banzé.
E estes muitos artolas
enriquecem uns cartolas,
grande poeta é o Zé!

E até os mais ricaços
que nos comem aos pedaços,
vão à noite à soiré.
D’ópera não sabem nada,
tud'aquilo é só fachada,
grande poeta é o Zé!

Sempre a dobrar a cerviz,
escarafuncha o nariz,
vai tirando o "burrié".
Cresceram à vara larga,
são uns burrinhos de carga,
grande poeta é o Zé!

E debaixo do sovaco,
há um "cheirinho" a macaco
e nas peúgas cholé.
É um pouco distraído,
tira cera do ouvido,
grande poeta é o Zé!

O nosso Zé até gosta
do senhor Pinto da Costa,
mas só gente da ralé.
Hoje gostam desta gente,
não é como antiguamente,
grande poeta é o Zé!

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